Como evanjelizar Hoje
28/07/2011 15:51A missão é dinâmica e está sempre em mudança, porque ela é obra do Espírito Santo. É como o vento que sopra onde quer. Por isso, a missão é sempre cheia de surpresas. Não somos nós quem indicamos ao Espírito os caminhos a serem seguidos pela Igreja.
Isso faz com que todos nós, missionários(as), nos sintamos envolvidos num processo permanente de conversão e de aprendizagem nos caminhos e nos rumos que a missão vem tomando. Isso faz bem, e a dimensão da surpresa é um contínuo convite à humildade: reconhecer que realmente nada sabemos!
MAS, O QUE E COMO EVANGELIZAR?
Por muito tempo reservamos a palavra “evangelização” às regiões de missão, onde, aos não-cristãos, era levada a Boa Nova de Jesus. A evangelização era destinada aos “pagãos”.
Quando entendemos que dizia respeito também a nós, temos usado o termo como etiqueta a ser colocado em tudo aquilo que já se fazia na pastoral costumeira. Mas, felizmente, parece que começamos a entender que evangelização é algo mais preciso e bem definido.
Entende melhor quem tem prática com o fogo na lareira. Sabe que não basta carregá-la com achas de lenha, mas é necessário olhar para a chama que está em baixo e, de vez em quando, reanimá-la. Se descobrir que quase apagou, precisa tirar a lenha e reacendê-la, partindo da pouca brasa restante.
A evangelização se assemelha muito ao reavivar a chama. Às vezes, é mesmo reacender o fogo.
Por falta de experiência, pressa ou demasiado entusiasmo, também a evangelização pode ter conseqüências negativas.
O evangelizador deve se preocupar em não carregar a lareira com lenha grossa demais, isto é, não sobrecarregar o que acaba de se abrir ao anúncio, exigindo que atenda logo a todas as exigências morais e às condições de pertença eclesial. Elas seguirão necessariamente, mas respeitando a lei da gradualidade.
O centro da fé é, sem dúvida, a pessoa de Jesus, nosso Salvador, que está à porta e bate. Se evangelizar é também retomar contato com Ele, entendemos mais facilmente porque todos somos destinatários da evangelização. A própria Igreja, em primeiro lugar, deve ser evangelizada. Também, se evangelizar é reacender o fogo, logo entendemos a urgência desta operação em nosso contexto.
João Paulo II, olhando para o futuro, indica as qualidades que deve ter a evangelização para o terceiro milênio, evangelização que exige atitudes especiais do evangelizador.
A nova evangelização, afirma o Papa, deve ser: “Corajosa e coerente, crível e audaz, vasta e perseverante, absolutamente urgente, clara e vigorosa, nova e ousada, atenta e precisa”.
EMPENHO PARA O NOVO
Se a nossa missão cultivasse a pretensão de fazer coisas completamente novas, seria imprudência e presunção. Mas, hoje, a novidade não é uma pretensão, antes um empenho, um dever, um mandamento. Não é mais tempo de conservar somente o que existe!
Afirmam os bispos italianos: “A Igreja está passando de uma pastoral preocupada em administrar as tradições religiosas e absorvida pelo culto, a uma pastoral de evangelização explícita e decididamente missionária. Para isso são necessários sinais vivos, fortes, tangíveis, transparentes”.
O passar de casa em casa dos missionários, sobretudo leigos, das Missões Populares, é um destes sinais.
O teólogo Bruno Maggioni diz que “a verdadeira questão é levar a força e o impulso missionário para a chamada pastoral ordinária. Se isso acontecer concretamente, no dia-a-dia de nossas lideranças, de nossas comunidades..., as conseqüências não serão pequenas”.
O teólogo ainda pergunta: “Se os cristãos praticantes são minoria, por que será que a pastoral é ainda concebida como se a maioria freqüentasse a Igreja? Por que sobrevivem atividades obsoletas? É necessário fazer escolhas corajosas, privilegiando o essencial”.
OS NOVOS MISSIONÁRIOS
O envolvimento e o novo protagonismo dos leigos estão certamente entre as escolhas mais corajosas e promissoras. Para uma melhor preparação deles, estão surgindo, em muitas Dioceses, as Escolas de Ministérios. Os leigos devem se sentir chamados e devem ser qualificados para desenvolver tarefas específicas em sua comunidade eclesial.
A conseqüência maior desse novo empenho da Igreja será a multiplicação de missionários inseridos no mundo, cada vez mais contemplativos, apaixonados e inteiramente voltados ao serviço de Deus e dos irmãos. Serão missionários humanamente bem estruturados e corajosos, mas, ao mesmo tempo, convictos de seus limites e, portanto, extremamente confiantes naquele que prometeu: “Eu estarei com vocês”.
Neste mundo em rápida evolução, é preciso que o missionário possua uma sólida espiritualidade que o ajude a ser coerente e testemunhar o grande Mestre que o enviou a trabalhar e dar frutos abundantes.
Pe. Paulo De Coppi
Para Refletir
1.º João Paulo II disse que a evangelização, na sociedade moderna, deve ser: “Corajosa e coerente, crível e audaz, vasta e perseverante, absolutamente urgente, clara e vigorosa, nova e ousada, atenta e precisa”. Traduza, de maneira prática, o sentido de cada palavra.
2.º Quais são os “areópagos” do mundo e de sua comunidade que hoje mais desafiam a evangelização? Por quê?
3.º Quais indicações você daria para renovar, nos próximos anos, a ação evangelizadora em sua cidade?
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